O Registro Público de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Brasil lançado nesta terça-feira reúne 35 das maiores companhias do país que se mostraram responsáveis pela liberação de 89 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente
Possuir um inventário de emissões é o primeiro passo para a adoção de medidas concretas para diminuir a liberação de gases do efeito estufa na atmosfera. Afinal, é necessário conhecer o tamanho do problema para poder lidar com ele. Por isso merece destaque a criação do Registro Público de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Brasil, que reúne de forma voluntária dados das emissões de algumas das maiores empresas do país.
Nesta terça-feira (22), as 35 companhias que aderiram ao Registro divulgaram suas emissões e juntas somaram 89 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) em 2009. Esse volume representa 4% do total de emissões do Brasil em 2005 – com base no Inventário Nacional Preliminar divulgado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em novembro passado –, e 20% desse total, se excluídas as emissões de agricultura e mudança no uso da terra e florestas.
As empresas do setor de transformação respondem pela maior parte das emissões das companhias inventariadas (89%), seguidas pela mineração (10%). Saneamento, energia, agricultura, serviços financeiros e serviços públicos somam o 1% restante. No setor de transformação, petroquímica e combustíveis sãos as indústrias que mais emitiram. A mineração de não metálicos ficou em segundo lugar e metalurgia em terceiro.
“De olho na redução de seus impactos climáticos, as empresas que tomaram essa iniciativa voluntária estão na perspectiva dos futuros marcos regulatórios que orientarão as ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas” avalia Roberto Strumpf, coordenador do Programa Brasileiro GHG Protocol. Para ele, a divulgação das emissões setoriais também será um diferencial dessas empresas junto aos consumidores, cada vez mais atentos à responsabilidade socioambiental corporativa.
Para a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, presente no evento, a iniciativa vai ajudar no “processo de discussão da Política Nacional de Mudança Climática”. Ela lembrou que os países desenvolvidos já adotam esse tipo de gestão ambiental transparente.
O Registro será uma plataforma online para a publicação de inventários de GEE de instituições brasileiras. Ele auxiliará os agentes privados e públicos na definição de estratégias para mitigação de GEE. Servirá também para integrar os esforços do Programa Brasileiro GHG Protocol com as ações da Política Nacional de Clima e do cumprimento da meta anunciada em Copenhagen.
O levantamento foi feito sob a coordenação do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (Gvces), em parceria com o World Resources Institute (Instituto Mundial de Recursos), organização norte-americana que foi a primeira a formular ferramentas de gestão para a economia de baixo carbono.
Para o coordenador do projeto, Mário Monzoni, a transparência desse grupo de empresas, que resolveu divulgar a quantidade de emissão de gases que causam o efeito estufa, significa “um passo de excelência empresarial de um movimento grande de sustentabilidade”.
Aberto a adesões
As ações do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas fazem parte do programa internacional de normas de gestão ambiental, o GHG Protocol, integrado à Política Nacional de Clima e ao cumprimento da meta estabelecida na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), ocorrida em Copenhague, em dezembro do ano passado.
A metodologia do GHG Protocol usada no Brasil foi uma adaptação à realidade nacional e resultou da interação entre a equipe do programa e 27 empresas fundadoras. O GHG Protocol original desenvolvido pelo World Resources Institute – WRI em parceria com o World Business Council for Sustainable Development – WBSCD é a metodologia mais utilizada em todo o mundo para a realização dos inventários. Ela é compatível com as normas ISO e as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC.
As informações geradas nos inventários do programa podem ser aplicadas aos relatórios e questionários de iniciativas como Carbon Disclosure Project, Índice Bovespa de Sustentabilidade Empresarial – ISE e Global Reporting Initiative – GRI. O programa permite a transferência gratuita da metodologia e do know-how para o cálculo de emissões. O Programa Brasileiro GHG Protocol segue aberto para adesões de novas empresas.
Fonte: CarbonoBrasil/Agência Brasil/FGV
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