A MPX constrói uma planta de 1 MW, capaz de chegar a 50 MW; a Cemig projeta unidade de 3 MW, também dentro de seu programa de pesquisa e desenvolvimento; os estados do Ceará e de Pernambuco estão prestes a abrigar as primeiras fábricas de painéis fotovoltaicos; o governo prepara um programa chamado telhado solar; o programa Minha Casa, Minha Vida estimula o uso de aquecimento solar. Outra boa notícia vem do campo da legislação, com uma série de municípios brasileiros adotando legislações que tornam obrigatório o uso da energia termossolar em habitações populares. Mais do que fatos, a lista de iniciativas emite um bom sinal de que a energia solar começa a esquentar também no país.
Elaborado pela European Photovoltaic Industry Association (EPIA) e o Greenpeace, um recente estudoaponta uma tendência de queda de 60% nos custos da geração fotovoltaica e um aumento de 30% na eficiência das placas. A estimativa é que, em 2050, a participação desta fonte na matriz energética mundial chegue a 15%, destacou um outro estudo. Afinal, por que o Brasil, país com um alto índice de insolação na maior parte do seu terriório, ainda está tão atrás no uso desta alternativa energética limpa e abundante? A questão fez parte de um dos painéis da Conferência Cidades Verdes, que marcou os 20 anos da Fundação Onda Azul, nos dias 27 e 28 de janeiro.
O consultor Carlos Café, do Studio Equinócio, ao contrário do que normalmente se fala, faz questão de afirmar que a energia solar não é cara. “Este é um mito para um país que sempre buscou a opção de investir em grandes usinas, deixando engavetado vários planos para estimular o uso desta solução”, observa.
Para ele, o avanço da energia solar no país só depende mesmo de vontade política. Além das segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, que projeta a instalação de mais 400 mil unidades com coletores solares para aquecimento de água, Café vê boas oportunidades com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Veja a entrevista do especialista publicada pelo Ambiente Energia.
Rafael Kelman, diretor de uma das mais conceitudas consultorias na área de energia, estuda a questão já há algum tempo, e também não tem dúvidas de atestar a viabilidade desta fonte de energia. O especialista cita o exemplo do Rio de Janeiro, que tem potencial para instalar cerca de 600 MW.
“A diferença na geração no verão e no inverno seria de apenas 20%”, comenta Kelman para destacar a contribuição que a energia solar poderia trazer para o Rio o ano inteiro. Para ele, dois fatores precisam ser vistos quando se fala em energia fotovoltaica no Brasil: a falta de regulamentação para este tipo de energia e a necessidade de mudar a forma de cálculo das tarifas, no caso de esta energia ser reinjetada no sistema elétrico.
O deputado federal Alfredo Syrkis (PV-RJ) acredita que, assim como aconteceu em outros países, é necessário um “empurrão” do setor público na forma de incentivos para viabilizar o crescimento da energia solar. Segundo ele, faz todo sentido incluir nas legislações a obrigatoriedade de adotar esta solução, por exemplo, nas construções. “Esta é uma forma de incentivo para a expansão da energia solar”, considera o parlamentar.
Uma das iniciativas de incentivo vem do Ceará, com a criação do FIES (Fundo de Incentivo à Energia Solar), que busca fazer a compensação tarifária entre a energia elétrica de fonte solar e a energia elétrica convencional. Segundo o governo, o principal objetivo do fundo é fomentar o desenvolvimento e a implantação de usinas de geração de energia solar no estado do Ceará.
Fonte: Por Júlio Santos, da Agência Ambiente Energia