quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O Papel da Bolívia na Economia Verde Mundial

Foto: NYT
Por Freddy Leitão

Um país de dimensões consideráveis cuja geopolítica o deixara sem fronteiras físicas acessíveis ao mar, terra de uma população estereotipada como consumidores ou membros de cartéis de coca, a nação mais pobre e menos desenvolvida da América Latina, qual será a importância dessa pátria excluída para a moderna economia do século 21?!

A resposta pode não ser novidade para alguns, mas com certeza será uma das soluções para a pauta da vez: o efeito estufa.

O lítio boliviano, se bem aproveitado, pode não só desenvolver economicamente a Bolívia, como também ajudar a mudança da concepção de sustentabilidade global. Este metal misturado à salinas em Uyuni, está mais perto de você do que imaginas. Ele é a matéria-prima das baterias presentes em 90% dos laptops, 60% dos celulares e em todos os aparelhos de MP3 do planeta. Agora, a indústria automobilística planeja aumentar o mercado de carros movidos à eletricidade e, concomitantemente, o lítio vem adquirindo mais importância no cenário energético mundial.

Uma nova Era se aproxima e governos de todo mundo buscam formas de reduzir sua dependência do petróleo, daí surge a Bolívia – com quase a metade do lítio do mundo – e ganha importância no período pós-petroliano mundial. É uma estupenda oportunidade, contudo o país corre o risco de não aproveita-la corretamente.

Abundante como o lítio em Uyuni, a afeição pela minha segunda pátria faz me preocupar com seu futuro. Filho de um cochabambino naturalizado brasileiro, já estive por lá. Codificado com um DNA andino, carrego em mim as singularidades físicas, humanas e espirituais desse povo. Conheço e respeito profundamente suas histórias, tradições e culturas. Por isso digo que, fruto de violentas e seculares invasões exploratórias desde os primórdios colonialistas sul-americanos, o sentimento de nacionalismo que une os bolivianos, principalmente os índios, será uma barreira à globalização das reservas do precioso metal. Um problema parecido já foi vivenciado pelo presidente Lula, quando um sentimento nacionalista tomou conta do país e fez com que a Petrobrás perdesse parte da sua subsidiaria boliviana.

Outra questão surge, será a Bolívia capaz tecnologicamente de extrair ao passo da necessidade global? Se não tiver condições tecnológicas de fazer a exploração com uma empresa estatal, penso que o Mercosul tem a obrigação de ajudar a desenvolver os países membros semelhantemente como a União Européia auxilia, por exemplo, Portugal. A ajuda teria de ser sob medidas européias e, além fortalecer economicamente o bloco em longo prazo, prepara o continente com fatores chaves para combater as iniqüidades e elevar ao máximo a justiça sócio-democrata na América do Sul. Como isso me parece um sonho, vivo e torço para que não se repita os erros do passado e o governo de Evo Morales firme contratos que beneficiem meus irmãos distantes.

A seguir, posto algumas fotos creditadas ao meu tio Kalinin Vladimir em sua expedição às salinas de Uyuni.









2 comentários:

  1. Lindo o seu texto sobre a Bolívia, Fredy! Eu também sonho com uma Bolívia livre e forte. Temo que não seja seguindo os cânones da Venezuela de Hugo Chaves que se construirá a independência da Bolívia.

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  2. Escrevi com o coração, querido Tio!
    Meus primos distantes devem seguir e construir seu próprio modelo, independente do chavismo.

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