sexta-feira, 11 de junho de 2010

SP prepara leilão de créditos de carbono


A prefeitura de São Paulo prepara para junho deste ano o terceiro leilão de crédito de carbono dos aterros sanitários da cidade, o Bandeirantes (zona norte) e São João (zona leste). Serão ofertadas 377 mil toneladas de carbono equivalente, o que poderá render cerca de € 5 milhões aos cofres públicos, considerando a atual cotação, entre €13 e € 14 a tonelada. O preço mínimo para a venda deve ser 30% menor que o valor de mercado, cerca de € 10. O leilão será realizado novamente em parceria com a BM&F Bovespa.


"Só mudaremos de plano se o preço cair mais", diz Walter Aluisio, secretário municipal de Finanças. O receio existe por conta dos problemas financeiros enfrentados pela Europa, onde estão os maiores compradores de crédito de carbono do Brasil. Em 2007 e 2008, os créditos foram vendidos por € 16,2 e € 19,2 a tonelada, respectivamente. Os compradores foram o banco europeu Fortis Bank, no lote de 2007, e a suíça Mercuria Energy Trading, em 2008.


Em 2009, não houve leilão, já que a crise econômica mundial derrubou os preços e a produção dos países ricos, diminuindo a necessidade de compra de crédito. A expectativa em relação à conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em Copenhague no fim do ano passado, também tornou esse mercado pouco atrativo em 2009. Como nenhuma mudança foi definida na conferência, e a economia global começou a se recuperar, a venda de crédito voltou a ser um negócio atrativo.


A quantidade ofertada este ano, porém, está bem abaixo da leiloada nos primeiros anos - 808 mil toneladas em 2007 e 713 mil toneladas em 2008. Segundo o secretário, foi possível ofertar mais nos primeiros leilões por conta de um acúmulo de crédito desde 2003, quando a queima de metano nos aterros foi iniciada. "Poderíamos ter leiloado um milhão de toneladas de carbono em 2007, mas não fizemos porque os consultores avaliaram que oferecer um volume maior afastaria investidores", explica Aluisio.


O volume leiloado poderá crescer em 500 mil toneladas, no entanto, caso uma pendência no projeto no aterro São João seja resolvida nesta semana. Desde o segundo trimestre de 2008, parte dos créditos gerados nesse aterro está bloqueada por conta de uma revisão do projeto, exigida pela ONU. A queima do gás metano no aterro é utilizada para a geração de energia elétrica, e apesar do projeto da prefeitura prever uma potência instalada de geração de 22 megawatts (MW), foi instalada uma usina com capacidade para gerar 24 MW.


"Está tudo certo, mas o incômodo é o tempo que essa avaliação leva", diz Manoel Antonio Avelino, diretor de desenvolvimento da Arcadis Logos, acionista da Biogás Energia Ambiental, empresa responsável pelos investimentos e pela administração da captação de gases nos aterros. Além dessa revisão, a ONU realiza trimestralmente uma avaliação do projeto para certificar os créditos de carbono.


Com a aprovação da ONU, haverá mais um milhão de toneladas de crédito de carbono disponíveis, divididos igualmente entre a Biogás e a prefeitura. Segundo a prefeitura, a queima do metano nos aterros reduziu em 20% as emissões de gases de efeito estufa na cidade de São Paulo. A partir da aprovação do projeto, serão necessários aproximadamente 50 dias para que os créditos sejam certificados para a venda. Dessa forma, para que a prefeitura possa leiloar esses créditos ainda neste ano, ela teria que adiar a data. Os dois primeiros leilões foram realizados no mês de setembro. No total, foram arrecadados R$ 71 milhões.


Os recursos obtidos no leilão são destinados ao Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Fema) do município para serem investidos nas regiões dos aterros, como forma de compensação. Entre os projetos em andamento estão a implantação de parques nos bairros de Perus e Iguatemi, construção de praças, de ciclovias e de centro de acolhimento de animais. Também há investimentos em saneamento e urbanização de favelas.



Fonte: Com informações Valor Econômico

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