Brasil é o país latino-americano com melhor capacidade para receber a energia eólica, além de ter a maior potência instalada/Foto: CRI.PI
Quando o assunto são os investimentos em energia eólica nos países da América Latina, o Brasil desponta na liderança do ranking na região, segundo informou a Associação Latino-Americana do setor (Lewea, na sigla em inglês). Os dados de 2008 mostram que o país lidera tanto em relação ao potencial eólico (regiões adequadas para a instalação), como em capacidade de potência instalada (volume de Megawatts atuais) – 140 mil MW e 247 MW, respectivamente.
De acordo com a Lawea, a América Latina é privilegiada para o desenvolvimento da energia eólica. No entanto, os países latino-americanos só geram 1.000 MW em suas instalações, sendo que a potência possível em toda a região é de 200 mil MW (0,5% de aproveitamento). Na classificação das nações latino-americanas que contam com os maiores potenciais nesse segmento estão o Brasil (140 mil MW); México (40 mil MW); Colômbia (20 mil MW); Argentina e Venezuela (10 mil MW); e Chile (5.000 MW).
Já em relação ao potencial instalado, o Brasil (247 MW) é seguido por México (88 MW); Colômbia e Chile (20 MW); Uruguai (5 MW); Equador (2,5 MW); e Peru (1 MW).
“Na América Latina estamos atrasados, mas isso não significa que seja tarde”, afirmou Erico Spinadel, presidente da Associação Argentina de Energia Eólica ao site América Economia. “O Brasil tem a vantagem porque se ajustou ao que os outros países mais avançados no setor têm realizado”, acrescentou o também membro da Lawea. Ele destacou que esta matriz energética possui grande vantagem em relação às demais alternativas, pois além de ser limpa, não causa grande impacto ao meio ambiente e depende basicamente de um recurso inesgotável (os ventos).
Bons ventos
Um estudo recente da ONG Biomass Users Network Centroamérica (BUN-CA) demonstrou que os aerogeradores necessitam de velocidade mínima de vento entre 3,5 e 6 metros por segundo. Só para se ter ideia, em algumas regiões da América Central, onde as condições são consideradas ótimas, os ventos conseguem atingir 12 metros por segundo – em um lugares assim, um único megawatt é capaz de fornecer eletricidade para 20 mil pessoas.
Segundo ONG, os aerogeradores necessitam de velocidade mínima de vento entre 3,5 e 6 metros por segundo/Foto: CBEE
A costa peruana, a zona norte do Chile e a Patagônia da Argentina estão entre as regiões mais apropriadas da América Latina para receberem investimentos em energia eólica. Atualmente, o Brasil possui 14 parque eólicos, com destaque no que está situado na cidade gaúcha de Osório, que tem capacidade instalada de 150 MW. Recentemente, a empresa de consultoria Trench, Rossi e Watanabe assessorou a Corporación Andina de Fomento (CAF), em uma operação de empréstimo que envolve US$ 40 milhões para a construção de novas fazendas eólicas em terras brasileiras.
A companhia brasileira Energimp S/A deverá utilizar o recurso para a construção e o desenvolvimento de parques eólicos nos estados de Santa Catarina e Ceará. "Essa operação foi inicialmente adiada por conta da recente crise financeira. A sua conclusão evidencia que os bancos recuperaram a confiança nos mercados, especialmente no Brasil. É importante salientar que este financiamento tem também um apelo especial, uma vez que se destina a um projeto de energia renovável", destacou José Augusto Martins, sócio do escritório do grupo Trench, Rossi e Watanabe.
Renováveis
O relatório “Tendências Globais de Investimentos em Energias Sustentáveis 2009” informou que o Brasil também foi o líder latino-americano em investimentos em energias renováveis em 2008 (não só em relação à energia eólica). Elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o estudo dá conta de que o país recebeu US$ 10 bilhões para esta finalidade no ano passado – 76% a mais do que em 2007.
Atualmente, 46% de toda a energia consumida no país são provenientes de fontes limpas, sobretudo dos biocombustíveis, como o etanol. Por essa razão, o Brasil é tido como o detentor do maior mercado mundial em fontes energéticas renováveis. Apesar das boas notícias, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao governo federal brasileiro, já adiantou que novas termoelétricas serão construídas nos próximos anos, o que demonstra que os investimentos em combustíveis fósseis ainda é uma realidade muito presente.
Fonte: www.ecodesenvolvimento.org.br