Há 200 anos, a capital do Japão não era Tóquio e sim, Edo. Período decorrente entre 1603 a 1868, foi uma etapa do começo da industrialização japonesa e preparatória para a abertura do mercado ao ocidente. Todavia alguns princípios dessa época marcam tal sociedade e nos ensinam no que tange a sustentabilidade.
“A movimentação constante de se maximizar a utilidade de tudo, para produzir mais com menos, para erguer construções melhores com menos material, para se fazer comidas mais saborosas com menos gastos, cores mais nítidas com menos corantes, lâminas mais afiadas com menos aço, enfim para transformar a necessidade em virtude.”
Para Arzy Brown, um especialista em arquitetura japonesa, a cidade de Edo encontrou soluções simples para desafios atuais como a busca por novas fontes energéticas à falta de alimentos. No século 18, a cidade de Edo era maior do que Londres, menos poluída e muito menos sujeitas a epidemias. A capital japonesa priorizava o pedestre ao tráfego, a população plantava sua própria comida em seus jardins, as construções eram mais simples e práticas, os samurais reciclavam papéis e revendiam óleo usado. Ou seja, pessoas eram mais conectadas ao meio ambiental.
Não há de se negar à conjuntura histórica, os parâmetros econômicos, proporções industriais e a enorme diferença populacional quando se compara a população atual japonesa de 128 milhões aos 30 milhões do período Edo. Porém os ensinamentos dos antepassados, a integração das políticas públicas, a percepção exaurível dos recursos naturais, a mentalidade e a participação da população tiveram papel significativo na reversão da degradação ambiental, na recuperação da agricultura e na melhoria das condições de vida da população de séculos atrás.
Sem dúvida, a multifuncionalidade das coisas é uma lição da era Edo a arquitetura sustentável do futuro. Uma arquitetura mais orgânica que integra e reconecta o ser humano a suas origens.
Abaixo algumas dicas, baseadas em tal período, para nos ajudar a praticar a sustentabilidade:
1-Faça um jardim! A era Edo mostra que espaços verdes podem ser criados em qualquer lugar, em varandas, lajes ou mesmo em vasos.
2-Plante algo que você possa comer, mesmo que seja o mínimo.
3-Use alimentos que não precisem ser refrigerados e que podem ser consumidos sem cozimento.
4-Integre áreas úmidas a seu jardim, mesmo que seja uma pequena piscina ou bacia.
5-Transforme restos de comida em adubo.
6-Use “cortinas verdes¹” para refrescar a casa.
7-Apoie o uso de energias alternativas na sua comunidade.
8-Procure fazer tudo perto de casa, para não precisar de transportes.
9-Envolva-se em trabalhos de grupo. Dividir conhecimento leva a mais soluções.
10-Adote valores ambientalmente éticos no seu dia a dia.
*1=Treliças removíveis cobertas de trepadeiras usadas para reduzir o calor e que serviam para a plantação de feijão e abóbora.
Fonte: O Globo
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